Pesquisadores fazem mapeamento genético de amostras de vírus da dengue, zika, chikungunya, febre amarela, mayaro, oropuche, encefalite de São Luis e febre do oeste do Nilo
Desde o último dia 13 de maio, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de instituições nacionais estão percorrendo cidades em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiânia e Distrito Federal a bordo de um ônibus (“motorhome”), equipado com um laboratório móvel, que utiliza uma nova tecnologia para realizar o sequenciamento genético do Zika e outros arbovírus no Brasil. Os especialistas chegaram e permaneceram durante o dia 16 de maio em Coxim e estiveram de 17 a 20 de maio no Lacen (Laboratório Central) em Campo Grande. Nesta terça-feira (21.05) seguiram para Chapadão do Sul, onde dão continuidade a coleta e análise de mosquitos. Em Campo Grande, a Secretaria de Estado de Saúde acompanhou os trabalhos no Lacen e na terça-feira (21.05) o secretário Geraldo Resende foi conhecer de perto o projeto. “De nossa parte, a Fiocruz tem todo o apoio para que possamos, com a adoção de diversas tecnologias, dotar o país de ferramentas mais eficazes de combate às doenças causadas por arbovírus, como a dengue, dengue, zika, chikungunya, febre amarela, mayaro e outras”. O Zibra O grupo de especialistas que percorre Mato Grosso do Sul e outras cidades do país, cerca de 12 mil quilômetros de estrada, integra o projeto Zibra 2: Mapeamento genético do Zika e outros arbovírus no Brasil. A iniciativa tem financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) e da Secretaria de Vigilância e Saúde (SVS), ambos do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os pesquisadores têm como meta sequenciar cerca de 400 amostras que foram positivas para pelo menos um dos oito vírus transmitidos por mosquitos mais relevantes na região: dengue, zika, chikungunya, febre amarela, mayaro, oropuche, encefalite de São Luis e febre do oeste do Nilo. “Por meio do sequenciamento genético, será possível responder perguntas relevantes para o Sistema Único de Saúde (SUS), como a origem dos vírus, data provável de entrada em território brasileiro, rota e velocidade de expansão, linhagem viral e cálculo do risco de transmissibilidade”, explica Luiz Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC e líder da pesquisa. Em uma segunda frente de atividades, o projeto sequencia amostras estocadas nos Laboratórios e foram negativas para os oito vírus priorizados na iniciativa. Cerca de 400 amostras podem ser sequenciadas a partir da utilização da técnica conhecida como metagenômica. “Muitos quadros clínicos são finalizados sem a devida identificação de seu agente causador, o que gera uma lacuna para a vigilância em saúde brasileira. Pretendemos, assim, identificar o microrganismo por trás daquela infecção e trazer mais essa importante contribuição para as ações de prevenção e controle de doenças de relevância nacional”, comenta Marta Giovanetti, pesquisadora integrante da equipe. Na terceira frente de trabalho, mosquitos estão sendo capturados por armadilhas espalhadas em residências e locais públicos das cidades alvo da pesquisa. “Estamos coletando e analisando mosquitos de diferentes espécies, incluindo dos gêneros Aedes e Culex [popularmente conhecido como pernilongo]. Com isso, poderemos avaliar a porcentagem de mosquitos infectados no período e os patógenos virais envolvidos”, afirma Luiz Alcantara. O projeto conta com 13 especialistas, incluindo pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Instituto Evandro Chagas (IEC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Birmingham e Universidade de Oxford, ambas da Inglaterra, Universidade de KwaZulu-Natal, da África do Sul, Lacen de Minas Gerais, Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Manaus) e Hemocentro de Ribeirão Preto.